(...)
Em
todo o Algarve a mulher é a prenda da casa. Trá-la muito bem tratada, muito bem
fechada, restos da vida moura. A de Olhão, trigueira, de olhos negros e um
lindo sorriso
reservado, passa por a mais bela da província, pela vivacidade, e pela fartura
do cabelo.
Já em S. Brás de Alportel, ali perto, as cabeças têm reflexos doirados e os
peitos são
desenvolvidos. Sentadas nas esteiras sobre os calcanhares, nas casas forradas
de junco
ou de palma, fabricam as alcofas, a golpelha em que se transporta a alfarroba e
o figo, e as alcofinhas mais pequenas, chamadas alcoviteiras. Ainda há pouco
tempo todas usavam
cloques e bioco. O capote, muito amplo e atirado com elegância sobre a cabeça, tornava-as
impenetráveis. (...)
in: Raul Brandão, Os Pescadores
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