"É
um trajo misterioso e atraente. Quando saem, de negro, envoltas nos biocos, parecem
fantasmas. Passam, olham-nos e não as vemos. Mas o lume do olhar, mais vivo no
rebuço, tem outro realce... Desaparecem e deixam-nos cismáticos. Ao longe, no lajedo
da rua ouve-se ainda o cloque-cloque do calçado – e já o fantasma se esvaiu, deixando-nos
uma impressão de mistério e sonho. É uma mulher esplêndida que vai
para
uma aventura de amor? De quem são aqueles olhos que ferem lume?... Fitou-nos, sumiu-se,
e ainda – perdida para sempre a figura – ainda o som chama por nós baixinho, muito ao longe –
cloque..."
Raul Brandão, Os Pescadores
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