julho 31, 2014

Encerramento

(...)
Da documentação que consultámos, no Museu Nacional de Arqueologia, assim como todos os documentos publicados, nomeadamente a correspondência pessoal e institucional, e as próprias obras de Estácio da Veiga, algumas delas póstumas, demonstram a importância que ele atribuía à sua acção enquanto arqueólogo e a clareza que teve, desde o encerramento do museu, até à sua morte, que muita da informação que a colecção por ele coligida e organizada em museu, que entretanto se amontoara de forma, completamente caótica e sem nexo, se iria, irremediavelmente perder, daí a sua preocupação em ir, constantemente actualizando e reformulando o inventário do museu (o último que encontrámos datava de 1885), com a descrição pormenorizada do espólio e desenhos. Há uma preocupação enorme em salvaguardar, não só o património em si mesmo, mas também o seu contexto, pois sem este último o património móvel perde a leitura e logo o significado.
P.S.B.

julho 29, 2014

Comunicação - Museu Archeologico do algarve


A linguagem adoptada na exposição, com grandes preocupações em fazer passar bem a mensagem, em ser compreensível, em ser acessível aos visitantes, parece-nos bastante actual, pois são preocupações, ainda hoje determinantes e fundamentais dentro de um museu. Para além da importância da conservação do património, neste caso móvel, denota-se a extrema atenção dada à comunicação, ou seja a valorização, uma vez mais do museu enquanto instituição do saber. (...)

P.S.B.

julho 28, 2014

Um Museu, uma imagem

(...)

Tal como actualmente, as instituições museológicas adoptam uma imagem, que servirá de interface de comunicação com o exterior. Já então Estácio da Veiga tinha essa preocupação, a de criar uma imagem de marca do seu museu, que o identificasse junto do público, fosse ele público num sentido lato, como junto do público especializado. 
P.S.B.

julho 27, 2014

A Carta Archeologica do Algarve no Museu Archeologico do Algarve

(...)
Na exposição encontrava-se o original da Carta Archeologica do Algarve e seis cartas geográficas, como complemento informativo ao visitante. De notar a importância atribuída pelo arqueólogo, agora com funções de museólogo, à relação e à interdependência estabelecidas entre território e cultura, um dos aspectos fundamentais da Arqueologia hoje em dia, nomeadamente ao nível do ordenamento do (s) território (s).

P.S.B.

julho 26, 2014

Ainda sobre o museu archeologico do Algarve

O contexto da descoberta, elemento fulcral em Arqueologia, era uma preocupação sempre presente em Estácio da Veiga. Ao que parece, no campo, este era extremamente atento ao contexto e aos mínimos fragmentos que surgiam, procedendo ao registo e ao fiel desenho dos achados[1]. A sua vasta obra publicada, reflecte, precisamente esta preocupação, assim como a própria exposição (...)

P.S.B.


[1]A este respeito um dos congressistas – Adolf de Ceuleneer, que conheceu o museu, escreveu: “ (…) muito raramente me aconteceu encontrar um arqueólogo que tenha feito escavações com tantos cuidados e método como o Sr. Estácio da Veiga. Nem o mais pequeno objecto foi desprezado (…) é inútil dizer que a classificação e o arranjo foram feitos com tantos cuidados metódicos como foram as próprias escavações.”, citado por Maria Luísa Estácio da Veiga PEREIRA, in «art.cit», p. 270.

julho 25, 2014

A organização do museu

(...)
Estácio da Veiga divide a colecção por concelho, época histórica e “especialidade”, por especialidade entenda-se: Arqueologia, Epigrafia, Antropologia e Paleontologia. Esta divisão e a forma como o espólio estava disposto em armários, tinha como preocupação o fácil entendimento dos materiais, cronologias e proveniência, tanto que encontravam-se também expostos desenhos, fotografias e plantas que permitiam ao público uma fácil identificação do contexto da descoberta. 
P.S.B.

Fim de tarde em Albufeira


julho 24, 2014

O Museu Archeologio do Algarve

(...)
Da breve existência do museu algarvio, que abriu ao público, a 26 de Setembro de 1880[1], (...); e teve ordem para ser encerrado, cerca de um ano depois, em Setembro de 1881; sabemos que a organização da exposição foi feita de acordo com vários critérios, que o inventário a que acedemos corrobora.
P.S.B


[1] B.M.N.A. – Inventário (cópia) do Museu Archeologico do Algarve, 1885.

julho 23, 2014

A necessidade de um museu

(...)
Após este estudo exaustivo das antiguidades do Algarve, e como forma de comprovar a Carta Arqueológica, conforme é expresso no ofício datado de 1 de Abril de 1880: “ (…) foi V. Ex.ª encarregado pelo Exmo. Ministro do Reino de classificar e catalogar por modo que possam ser expostos ao público os Monumentos Archeologicos vindos ùltimamente do Algarve, e por V. Ex.ª [Estácio da Veiga] descobertos e colleccionados para a comprovação da Carta Archeologica d’aquela Província (…)”[1], surge a necessidade de se criar um museu.

P.S.B.



[1] Documento publicado por Maria Luísa Estácio da Veiga PEREIRA – «O Museu Archeológico do Algarve (1880-1881) – Subsídios para o estudo da Museologia no Século XIX», in: Separata dos Anais do Município de Faro, 1981, p. 168.


julho 21, 2014

A acção de Estácio da Veiga

(...)
Nos anos de 1877 e 78 Estácio da Veiga, foi oficialmente designado pelo Governo, para proceder ao reconhecimento das antiguidades que surgiram na margem direita do Guadiana, após chuvas torrenciais que caíram no final do ano de 1876 e que provocaram grandes cheias no rio Guadiana, quer em Mértola, quer em Alcoutim[1].

Este momento seria o início da acção deste arqueólogo na região da qual era natural. Ao longo, aproximadamente, de dois anos, Estácio da Veiga irá percorrer todo o Algarve, fazendo prospecção e levantamento arqueológicos, da região.

Deste trabalho de arqueologia, que há muito abandonara o amadorismo, irá surgir a Carta Arqueológica do Algarve, a primeira do país. A sua acção foi de tal modo importante e feita de forma científica e sistemática, que ainda hoje, a sua obra Antiguidades Monumentaes do Algarve[2], é uma ferramenta incontornável para a arqueologia da região[3].

P.S.B.



[1] In João Luís CARDOSO e Alexandra GRADIM – «Estácio da Veiga e o reconhecimento arqueológico do Algarve: o concelho de Alcoutim», Separata de O Arqueólogo Português, Série IV, Volume 22, Lisboa, 2004, pp. 67-112. 
[2] De notar, que em Novembro de 2006, foi lançado o V Volume, até então inédito.
[3] Vide Francisco de Sande LEMOS, «art. cit.».

julho 19, 2014

Revista Visão de 19-07-2007



"Em Olhos de Água, pequeníssima praia da zona de Albufeira, passava férias Lídia Jorge, escritora algarvia de Boliqueime. O encanto estava nos olheiros de água doce que surgiam quando baixava a maré. «As pessoas tinham uma relação com a praia muito natural» (recorda a escritora) «Até se amanhava o peixe nessas poças de água salobra».

Mais tarde, já a convite de Maria Aliete Galhós e inserida num grupo intelectual, Lídia Jorge continuava a gostar de passear ao longo da falésia, em direcção a Albufeira. Por ali, em grandes caminhadas à beira-mar, andavam igualmente Maria e Aníbal Cavaco Silva, nos anos 50 ainda adolescentes e apenas amigos."

In: Revista Visão de 19-07-2007

julho 18, 2014

"Monchique nos Textos e Aguarelas de George Thomas Landmann (1780-1854)

07/10/2009, 17:02

Vila de Monchique
Pelo recenseamento de 1801, o concelho de Monchique, com as suas cinco freguesias, tinha uma população de 2033 habitantes, distribuídos por 668 fogos. Neste mesmo ano de 1801 deu-se aquela que alguns historiadores consideram ser a 1.ª Invasão Francesa, que se traduziu na chamada “Guerra das Laranjas”, da qual ainda hoje resta a chamada “Questão de Olivença”.


Devido ao clima beligerante que se tinha instalado, fruto do desequilibro entre as potências e as forças em presença, era necessário um reforço e modernização do Exercito português, recorrendo-se para isso à contratação de prestigiados militares estrangeiros, que entraram assim ao serviço do príncipe regente D. João. Destes, pelo menos três deles passaram por Monchique durante as suas viagens de prospecção e observação, tendo registado em belos trechos, que viriam a ser publicados, tanto as suas belezas naturais como os costumes dos seus habitantes. O Príncipe Christian de Waldeck, que foi contratado para marechal das nossas tropas visitou a vila a 27 de Março de 1799, e dela deixou um relato da sua passagem pela pena do seu secretário pessoal, o coronel Barão von Wiederhold. Outro dos militares foi o coronel engenheiro George Landmann, que é objecto do nosso estudo. (...) "



Artigo publicado no Jornal de Monchique de 07.10.2009, Cultura


julho 11, 2014

S. Braz d'Alportel

"S. Braz d'Alportel, aldeia grande e bonita em terreno pedregoso e alto, do qual todavia pouco se descobre, por estar rodeado de outras alturas maiores. A igreja no largo, ou praça, he hum formoso tempolo de 3 naves sustentadas em cada lado por 5 columnas de cantaria bem lavrada (...). Algumas casas e ruas boas; e huma bonita quinta com casas pertencentes à mitra. Para a parte de E. huma fonte de escellente e muita agua, de que bebem os moradores, e com os sobejos se regão hortas, e moem alguns moinhos."


in: João Baptista da Silva LOPES*, Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve (1.ª ed. data de 1841) 1.º Vol., Algarve em Foco Editora, Faro, pp. 337-338

João Baptista da Silva LOPES*:
 n. 1781 - m. 1850

julho 09, 2014

O viajante no Algarve...

"O viajante repara que pelas estradas do Algarve toda a gente tem pressa. Os automóveis são tufões, quem vai dentro deixa-se levar. As distâncias entre cidade e cidade não são entendidas como paisagem, mas como enfados que infelizmente não se podem evitar. O ideal seria que entre uma cidade e outra houvesse apenas o espaço para as tabuletas que as distinguem: assim se pouparia tempo. E se entre o hotel, a pensão ou a casa alugada e a praia, o restaurante, a boîte, houvesse comunicações subterrâneas, curtas e directas, então veríamos realizado o mirífico sonho de estar em toda a parte, não estando em parte alguma. A vocação do turista no Algarve é claramente concentracionária."

In:  Viagem a Portugal, José Saramago, Caminho, 23.ª ed., p. 617

julho 06, 2014

Ainda sobre o uso de toucas na ida a banhos


Ainda sobre o uso de toucas na ida a banhos:

"As senhoras devem usar a touca de gutta-percha para não molharem o cabello, e quando não tenham a touca não lhes convém mergulhar a cabeça. Basta-lhes refrescar repetidamente a fronte e o alto do craneo com a mão molhada durante o tempo que estiverem na agua. Os longos cabellos molhados com agua salgada produzem mais males do que aquelles que o banho é destinado a combater. Molhados os cabellos no mar por qualquer incidente, convirá às senhoras lava-los em seguida em agua doce com um bom sabonete até restabelecer o aceio indispensável á hygiene da pelle"

in: Ramalho Ortigão, As Praias de Portugal. Guia do banhista e do viajante, Livraria Universal de Magalhães & Moniz – Editores, Porto, 1876, p. 126.