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De Tavira a Vila Real – que sei eu? – talvez cinco léguas de campina que se dilata, sem contrastes violentos, repartida por terras de pão, enleamentos de videira, couvaes e brancuras de marinhas. A estrada é raza: poucos povoados e nenhuns cães ladradores. Conceição é uma das terreolas mais avultadas que se avista. Da banda do mar colónias de pescadores, que vivem da eterna contemplação das ondas, mettidos nas suas cabanas de colmo e de taboado, nas intercadencias da pesca, como as tribus de verão no paiz do esquimões. Faz um céu d’anil, muito transparente… D’onde aonde torna se preciso estimular o cocheiro que parece ler pelo breviário de Sancho.
Será Villa Real de Santo Antonio o que se divisa n’um fundo de montanha, braquejando como uma necrópole immensa! Não. E Ayamonte, a fronteiriça cidade cidade andaluza que pompeia a sua casaria trepando pela encosta. Villa Real alastra-se em baixo, n’uma planície arenosa junto ao Guadiana, sem alardes tradiccionaes além dos que lhe vêem da fama do seu atum que percorre todos os recantos do universo, levado não nas azas – porque isso é privativo das creaturas celestes – mas nas barbas, por signal respeitabilíssimas do sr. Tenorio."
in: João de Arruda - Cartas d'um viajor, 1908.
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