Empresária
Inês Farrajota
A
família era de Loulé e no verão mudavam-se de armas e bagagens para Quarteira.
(…)
Lembra-se
bem das mulheres que apareciam com grandes panelas para vender batata-doce, de
manhã cedo na praia. Era um costume que, acredita Inês Farrajota, já vinha dos
anos 20 e 30, quando os algarvios se levantavam muito cedo e iam dar um mergulho
à praia logo de madrugada, para depois voltarem rapidamente para casa, “porque
tinham medo que o sol fizesse mal”. A batata-doce, acompanhada de aguardente,
era para ajudara a aquecer o corpo depois do mergulho matutino.
(…)
À
noite em Quarteira animava-se uma pequena vida social, que incluía, até, uma
esplanada com orquestra a tocar, onde se ficava a jogar às cartas, a organizar
concurso, a eleger misses. “Havia bailaricos, e vinham pessoas das redondezas.
Aparecia a Simone de Oliveira e muitos fadistas.” A animação era regulada pela
central eléctrica, que à uma da manhã emitia três sinais para avisar que a luz
ia ser desligada e que era hora de recolher.
(…)
… a
época de banhos prolongava-se por Outubro e até Novembro, altura em que
chegavam os chamados “banhistas de alforge”, que só podiam ir a banhos depois
de terminarem os trabalhos nas colheitas.
in: Revista Pública de 05.07.09 (p. 16 a 21)
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