Relativamente às viagens de barcos a vapor, descreve-nos Pedro Tavares, em 1889, uma delas, da capital do Algarve para Lisboa. Oiçamos apenas alguns trechos mais expressivos:
-«O navio estava ainda no rio de Faro. Em breve levantou ferro e partiu aos ziguezagues por causa do leito do rio (…) A pouco trecho começamos a sahir a barra.
Os passageiros começam a descorar, em seguida empallidecem e por fim esverdinham. Aqui começou a dança. Dançava o navio, dançavamos nós (…) Uma vaga indiscreta, galgando a amurada, veio mimosear-nos com uns borrifos, obrigando-nos a encolher a respiração. Os passageiros erguem-se então; procuram equilibrar-se dando as mãos uns aos outros; sorriem ainda heroicamente de um sorriso bilioso, entre cuspido e desvairado; e em guinadas de bombordo a estibordo, curvos, acocorados, quasi sentados no chão e desgrenhados pelo vento, baixam à câmara depois de haverem espargido sobre a senda da vida, no tombadilho, todo o almoço»
in: Aníbal C.Guerreiro - História da Camionagem Algarvia (de passageiros): 1925-1975 (da origem à nacionalização), s.l., s.n., 1983.
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