Olhão
A vila, que teve o seu génesis n’um agrupamento de cabanas de pescadores, e conquistou mais tarde o título de Vila Nova da Restauração, rumoreja agora de actividade, na faina constante de cahiques que povoam o porto, levando a todo o Algarve os produtos agrícolas e o peixe que as armações de sardinha e de atum conquistam aos domínios de Neptuno.
Transpomos a avendida que abre, de caminho de ferro à devota capela do Senhor dos Aflitos, onde algumas árvores desenvolvem lentamente a sua vegetação chlorotica e bancos munipaes de balde convidam ao descanço uma população de trabalhadores. E certo que as casas têm bom aspecto, sempre brancas, como pétalas d’açucena. (…) As mulheres de Olhão são formosas, d’uma beleza cativante. À falta de diversões onde pompear a sua radiosa mocidade, elas entretêm-se na contemplação do mar, binoculando as embarcações de pesca que entram e saem do porto. D’ai o motivo porque em ruas tão estreitas se vêem mirantes… tão altos.
in: João Arruda - Cartas d’um viajor,1908, p.113
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