janeiro 09, 2012

Revista Pública de 05.07.09


Alexandra Prado Coelho “Para além do Caldeirão havia um Paraíso” (p. 16 a 21)
(…)
Manuel Baptista, (…), faz parte do grupo que, no final dos anos 1949, início dos anos 1950, começaram a “ocupar as ilhas”.
No caso dele, a ilha de Faro, que os médicos recomendavam aos pais “por uma questão de saúde” para a criança crescer forte. “ Era o paraíso. Poucas casas, a grande maioria de madeira”, e um Verão muito quente, a tornar quase impossível estar dentro de portas. E à noite, sem luz eléctrica, “ o céu era um deslumbramento”. Era o tempo em que ainda não havia ponte para a ilha, os automóveis mantinham-se à distância, e nem sequer existia a estrada que depois foi construída, dividindo a ilha em duas, de um lado a ria, do outro o mar.

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Mais tarde, os pais decidiram mudar-se para outro “paraíso” – este, apesar de tudo, um pouco mais cosmopolita: Albufeira. “Era um casario branco, a descer para o mar. Até que construíram o hotel Sol e Mar, um bloco de cimento que estragou a pureza do casario.” E se na ilha de Faro o máximo que havia eram “umas quantas tabernas sobre a areia”, Albufeira “tinha um ponto de encontro que era o café Bailote, que pertencia a um pintor, estava cheio de quadros e tinha mesa de bilhar”. Depois, a pouco e pouco, começaram a chegar alguns estrangeiros – apareceu mesmo, em 1961, o cantor Cliff Richard, provocando um frisson adicional – e apareceram duas boîtes.

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