dezembro 29, 2012


"Boas tardes (noites) meus senhores,
Boas Festas vimos dar;
Nós trazemos o Menino,
Ai! P'ra quem O quiser bêjar."

(Quadra popular algarvia)

dezembro 26, 2012

Pai Natal

"O "pai natal" não nasceu de um dia para o outro. Ao longo de muitos anos, os precursores abriram o caminho para ele "nascer", no século XIX e ser apresentado em público pela "Coca-Cola", no século XX"


in: P.e José da Cunha Duarte, CSSp - Natal no Algarve. Raízes medievais, Ed. Colibri, 2002, pp.
143

dezembro 25, 2012

ainda sobre as prendas


"... Só na década de quarenta [séc. XX] começaram a aparecer os sapatinhos na chaminé. Uma laranja, guloseimas, ou uma boneca de tabuleiro (boneca de trapos com braços e pernas em cana), eram as únicas prendas que se metiam no sapatinho das crianças.
(...)
Na zona marítima, colocava-se no sapatinho das crianças uma laranja, castanhas, bolotas aveladas ou rebuçads. Quando se portavam mal, enchia-se o sapato com cascas de bergão (berbigão).
(...)
As prendas eram dadas, ora no dia de Natal, ora no dia de Reis. Não havia uniformidade. Mas o Menino Jesus era o centro da festa. Era Ele que oferecia as prendas às crianças..."

in: P.e José da Cunha Duarte, CSSp - Natal no Algarve. Raízes medievais, Ed. Colibri, 2002, p.142

dezembro 24, 2012

Prendas


"No início do ano civil, os povos da antiguidade davam prendas entre si, para terem sorte e abundância de bens durante o ano novo. (...) Quando o Natal coincidiu com o início do ano civil,também os cristãos davam prendas uns aos outros.
(...)
O dia de Natal ou de Epifania são os dias eleitos para as ofertas das prendas.
(...)
[No Algarve] Nas primeiras décadas do século XX, não se falava em prendas pelo Natal..."

in: P.e José da Cunha Duarte, CSSp - Natal no Algarve. Raízes medievais, Ed. Colibri, 2002, pp. 141 e142

dezembro 22, 2012

Morgado de Amêndoas

Receita do Morgado de Amêndoas

Ingredientes:
•250 grs de amêndoas •250 grs de açúcar


•½ chávena (chá) de doce de chila

•1 chávena de fios de ovos (bem cheia)

•1 chávena de ovos moles espessos

•125 grs de açúcar em pó

•massa de amêndoa p/ enfeitar

•pérolas prateadas

•farinha



Confecção:
Pelam-se as amêndoas, escaldando-as com água a ferver; enxugam-se com um pano e deixa-se secar ao sol ou em forno quente com a porta aberta. Depois de secas, passam-se várias vezes pela máquina de ralar, de modo a ficarem muito finas.

Leva-se o açúcar ao lume com 1,5 dl de água e deixa-se ferver até se obter ponto de pasta (quando a calda começar a aderir à colher sem correr da mesma). Adiciona-se a amêndoa ralada e deixa-se cozer em lume muito brando, mexendo sempre, até se ver o fundo do tacho ao passar a colher.

Retira-se o preparado do lume e deita-se sobre a bancada previamente polvilhada com farinha ou untada com óleo de amêndoas doces. Deixa-se a massa de amêndoas arrefecer um pouco e, logo que seja possível mexer-lhe, amassa-se (será mais fácil fazer este trabalho, dividindo a massa em 3 partes e amassando uma de cada vez). Quando pronta, a massa deve ser muito fina. Por norma, deixa-se repousar até ao dia seguinte.

Volta a trabalhar-se a massa e retiram-se 2/3 de porção. Polvilha-se uma superfície á parte com farinha e estende-se a massa em círculo. Começa-se então a puxar os lados para cima, dando-lhe a forma de uma tigela com os bordos baixos (3 dedos de altura). No Algarve diz-se que se fez a «alcofa». A massa do fundo deve ficar bastante mais espessa do que a massa que forma os lados. O esticar e moldar da massa pode ser ajudado com um pouco de farinha, devendo as mãos serem lavadas e enxutas várias vezes.

Feita a «alcofa», coloca-se dentro uma camada de doce de chila bem espalhada. Sobre esta dispõem-se os fios de ovos e, finalmente, os ovos moles. A «alcofa» deve ficar bem cheia. Com a massa que resta molda-se um círculo que servirá de tampa, devendo ter aproximadamente a espessura do fundo e o diâmetro da «alcofa».

Viram-se os bordos das paredes do morgado sobre os ovos moles e fecha-se o bolo com o círculo de massa. Com uma faca molhada alisa-se a massa da tampa na parte do junção, de modo a disfarçá-la. O morgado tem agora a configuração de um queijo da serra. Deixa-se em repouso cerca de 2 horas.

Contorna-se o morgado com uma tira de pano de 3 dedos de largura e ata-se para impedir que abra ao cozer. Pincela-se com clara de ovo. Leva-se o bolo a forno esperto até adquirir uma cor ligeiramente dourada. A superfície ganha geralmente algumas bolhas. Retira-se do forno e deixa-se arrefecer.

Bate-se o açúcar em pó com um pouco de água ou de clara de ovo, até se obter um preparado espesso que se aplica com o pincel na parte superior e nos lados do morgado. Deixa-se secar, mas não completamente.

Enfeita-se, por fim, com flores ou outros motivos feitos com massa de amêndoa, pérolas prateadas, e contorna-se com uma franja tripla de papel de seda, de papel cristal e de papel celofane.



Doces

Os doces associados a esta quadra são muitos e com várias adaptações, no entanto destacam-se as filhós, como um doce intimamente ligado as duas festas: o Natal e o Carnaval.

Mais sugestões e receitas de doces de natal?!

dezembro 21, 2012

Ceia de Natal


A ceia de natal tem algumas diferenças segundo as zonas do país. No Norte, geralmente, na noite de natal, come-se polvo ou bacalhau; no Algarve por sua vez, a ementa pode comtemplar: bacalhau, borrego, amêijoas, carne de porco, perú, marisco, papas de milho, podendo ocorrer algumas especificidades de determinadas localidades, como é o caso de Olhão, local onde a tradição dita que na noite de natal se coma litão (o nome mais usual em Portugal é leitão mas em Olhão denomia-se de litão. Em inglês é blackmouth catshark, em francês chien espagnol, e em espanhol, pintarroja bocanegra).




dezembro 15, 2012

Origem doçaria regional algarvia



Nos costumes muçulmanos entronca, sem dúvida, a doçaria regional algarvia que tem como base o maçapão, massa (lawzinadj) feita de amêndoas moídas e açúcar e os doces que têm como base fundamental: amêndoas, nozes, pistácios, tâmaras, açúcar, mel e canela, as filhós, exemplo da herança árabe a nível culinário, ainda fazem parte da doçaria portuguesa, perpetuando desde modo as nossas raízes muçulmanas!