junho 26, 2012

Verão de 1934

"Deliberou a Comissão de Iniciativa e Turismo colocar na praia as barracas e toldos para a serventia dos banhistas, cobradas com as seguintes importâncias:

- por cada banho:

- adultos de idade superior a 15 anos inclusive – 50 centavos

- até aos 14 anos, sendo filho – 50 centavo, de 2 a 4 filhos – 1 escudo, superior a 4 filhos 1 escudo e 50 centavos
- pelo aluguer de cada barraca incluindo banhos, por cada mês – 35 escudos;

- por cada toldo durante um mês – 15 escudos

- por cada fato - 50 centavos

- por cada toalha – 1 escudo, sendo este aluguer por cada banho."

In: Acta n.º 29, de 1 de Agosto de 1934, Comissão de Iniciativa e Turismo de Albufeira.

junho 24, 2012

Verão em Quarteira


Inês Farrajota, empresária natural de Loulé recorda que no verão, à semelhança de grande parte das famílias louletanas, «mudavam-se de armas e bagagens para Quarteira. Lembra-se bem das mulheres que apareciam com grandes panelas para vender batata-doce, de manhã cedo na praia. Era um costume que, acredita Inês Farrajota, já vinha dos anos 20 e 30, quando os algarvios se levantavam muito cedo e iam dar um mergulho à praia logo de madrugada, para depois voltarem rapidamente para casa, ‘porque tinham medo que o sol fizesse mal’. A batata-doce, acompanhada de aguardente, era para ajudara a aquecer o corpo depois do mergulho matutino. 
À noite em Quarteira animava-se uma pequena vida social, que incluía, até, uma esplanada com orquestra a tocar, onde se ficava a jogar às cartas, a organizar concurso, a eleger misses. ‘Havia bailaricos, e vinham pessoas das redondezas. Aparecia a Simone de Oliveira e muitos fadistas.’ A animação era regulada pela central eléctrica, que à uma da manhã emitia três sinais para avisar que a luz ia ser desligada e que era hora de recolher.

A época de banhos prolongava-se por Outubro e até Novembro, altura em que chegavam os chamados “banhistas de alforge”, que só podiam ir a banhos depois de terminarem os trabalhos nas colheitas.»

in:COELHO, Alexandra Prado, 2009, Revista Pública de 05.07.09, «Para além do Caldeirão havia um Paraíso», (p. 16 a 21).

junho 14, 2012

Os banhos de mar no final do séc. XIX

Os banhos terminavam por volta das 9h00, e os banhistas eram mergulhados no mar com a ajuda do banheiro.



Às 10 horas era o almoço, e às 4 da tarde era servido o jantar. Entre estas duas refeições os banhistas entregavam-se ao “dolce farniente” da vida social local, como tão bem ilustra Eça de Queiroz:”… Logo pela manhã estava a pé! Era hora do banho: as barracas de lona alinhavam-se ao comprido na praia; as senhoras sentadas em cadeirinhas de pau, de sombrinhas abertas, olhavam o mar, palrando (…) Ela saía então da barraca com o seu vestido de flanela azul, a toalha no braço (…) Depois, de tarde, eram os passeios à beira-mar, a apanhar conchinhas…”

in: Eça de Queiroz -  O Crime do Padre Amaro, Edição Livros do Brasil, Lisboa, 2000, pp. 82 e 83.



junho 12, 2012

Bronzeado

A indumentária e os comportamentos ligados à prática balnear sofreram profundas alterações, sobretudo no período entre as duas Grandes Guerras.



Nos finais do século XIX, inícios da centúria seguinte, os então apelidados fatos-de-banho eram peças de vestuário que cobriam o corpo todo e que, após o banho de mar, eram mudados. A exposição ao sol era algo a evitar, os banhistas faziam-se acompanhar sempre de chapéus e sombrinhas. À época o bronzeado estava associado aos trabalhadores rurais, que trabalhavam de sol a sol, e por isso mesmo apresentavam uma tez morena.


O bronzeado tornar-se-á moda já nos finais dos anos 30 do século passado, em França, com o lançamento de uma campanha publicitária da “Ambre Solaire”, que apela à exposição solar. Voltar de férias bronzeado, torna-se num verdadeiro imperativo social, imposto pela publicidade e corroborado pelo cinema e televisão, sintomas do desenvolvimento da sociedade de consumo.


junho 08, 2012

A propósito da origem da Festa Corpo de Deus

A Festa do Corpus Christi ou Corpo de Deus foi criada em 1264.



Esta e a procissão do Corpus Chisti era a mais importante e aqui estavam representadas duas facetas distintas, a religiosa e a profana.


A parte religiosa, sobre a qual superintendia a Igreja, consistia fundamentalmente no desfile das pessoas e autoridades religiosas – incentivo à devoção pública.


A parte profana, sobre a qual superentendia a Câmara, por intermédio das corporações e mesteres.


Desde a Idade Média que na procissão do Corpo de Deus os ofícios ocupam a parte da frente, organizando-se a procissão do mais humilde para os mais ricos, visto que o espaço nobilitante, junto da gaiola do Santíssimo ou do andor de santo, destinava-se aos clérigos e aos cidadãos (posteriormente designados por “gente nobre da governança”).


junho 03, 2012

Praia de Santa Eulália


"Envolta por um pinhal e com arribas baixas de tom ocre, estas são duas marcas que fazem de St.ª Eulália uma praia semi-mágica, onde é possível encontrar a tranquilidade, que o som do mar calmo nos transmite, bem como encontrar pequenos recantos, compostos pelas formações rochosas.
Toda a sua magia ganha outros contornos quando à excepcional obra da natureza, se junta de forma ancestral a acção do Homem, com toda a sua vivência e memórias.
Reza a história, que no século XVI na sua envolvente, se erigia uma pequena Ermida, cujo orago era dedicado a St.ª Eulália.
As artes piscatórias, por ora relegadas para segundo plano, constituíram importante actividade nesta praia, atestando, deste modo, a forte ligação destas gentes, ao mar.
Na zona central da praia encontra-se uma linha de palmeiras altas, que ladeiam um passeio pedonal, que nos conduz a uma agradável esplanada, com vista para o oceano, proporcionando o desfrute estético e sinestésico de todo este património!"