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novembro 10, 2014

Lenda do verão de S. Martinho


APL 118
S. Martinho antes de ser Santo foi soldado do Imperador. Uma vez ia montado no seu cavalo num dia tempestuoso de chuva e vento muito embrulhado na sua capa de soldado.
 Surgiu-lhe num caminho um pobrezinho de mão estendida muito magra semi-nu a tremer de frio e também de fome. O Moço cavaleiro ficou abalado, e depois de dar umas moedas ao pobre desceu do cavalo e com a própria espada cortou a capa que trazia ao meio dando uma parte ao pobre, para ele se cobrir e ficando com a outra metade para si. Passados momentos o temporal amainou as nuvens foram desaparecendo, transformando-se a tempestade num dia de sol brilhante, raro na estação do Outono.
 Eis a Lenda do Verão de S. Martinho, Santo que é comemorado no dia 11 de Novembro, geralmente com um serão de família e amigos.
 Diz o ditado. No dia de S. Martinho, prova o teu vinho.
 Usança — Junta-se a família, convidam-se os amigos e todos se reúnem à lareira, ao redor de uma boa fogueira. É o tempo da apanhadas castanhas e nesse dia, assa-se uma grande porção num assador próprio, feito já para tal, em latão com buracos no fundo. Põe-se dependurado em cima da fogueira e enquanto assam, uns conversam, outros vão buscar o vinho.
 As castanhas depois de assadas, deitam-se num cesto que se coloca ao centro, para todos lhe chegarem.
 Come-se com fartura, bebe-se bem, juntando-se mais uns petiscos
que haja na ocasião. Há risos histórias e anedotas de varias espécies.
Uma para exemplo:
Havia uma mulher que gostava muito de vinho e todos os dias ia à pipa, mas às escondidas do marido.
 Este, um dia morreu e então a mulher fez-lhe um grande pranto e nos dias a seguir, a vida dela era acocorada na lareira coberta com um chaile e com uma bota de vinho, sempre metida no regaço.
 As vizinhas vinham vê-la e ela sempre a lamuriar-se. Estas diziam-lhe:
 — Sai daí mulher! Agora queres passar a vida a prantecer!?... Ela respondia:
 — Sem secar estes courinhos não apago as minhas penas, não saio daqui. Ia bebendo sempre, até a bota ficar vazia e só assim as penas se apagavam.
Fonte BiblioAFONSO, Belarmino Raízes da Nossa Terra Bragança, Delegação da Junta Central das Casas do Povo de Bragança, 1985 , p.116-117
Place of collectionSambadeALFÂNDEGA DA FÉ, BRAGANÇA
ColectorBranca do Sacramento Rodrigues (F)

in: http://www.lendarium.org/narrative/lenda-do-verao-de-s-martinho/ acedido em 22.10.2014

novembro 09, 2014

Lenda de S. Martinho

in: lendarium.org, acedido a 22.10.2014

APL 2567
Num dia estava uma grande tempestade, muita chuva, muito frio, um tempo assim horroroso, e ele [Martinho] ia a cavalo (…) e estava um pobrezinho à chuva e ao frio, sem estar coberto nem nada, à beira da estrada. E o Martinho passou no cavalo, viu o pobre lá cheio de frio, lá a um canto e desceu do cavalo e tirou a capa dele e pôs a capa por cima do pobre (…). Por sinal, o pobrezinho era Jesus Cristo e Jesus Cristo levanta-se e de repente a chuva pára, o vento pára, tudo pára e aparece o sol. E Jesus Cristo supostamente disse ao Martinho que a partir desse momento em diante, naquela altura, ia sempre haver sol, ia ser sempre o verão de S. Martinho, em homenagem a ele.
Fonte BiblioAA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Ano2005
Place of collection-, FARO, FARO
InformanteAna Rita Tomé (F), 19 y.o., born at - (FARO) FARO,
Narrativa
WhenI Century,
CrençaUnsure / Uncommitted

agosto 08, 2014

Senhora da Orada - Cont 1

A Lenda

Reza a lenda que “um grupo de pescadores encontra uma imagem de Nossa Senhora e transfere-a para a igreja local. A imagem volta, contudo, a aparecer no sítio de origem no dia seguinte e a população erige uma capela no local.”
A ermida foi construída num local ermo e deserto, em frente da Torre de Vigia da Baleeira, num vale cercado a Oeste, Este e Norte por montes relativamente elevados e a Sul, pela Rocha da Ponta da Baleeira, na designada Várzea da Orada, onde atualmente se localiza a Marina de Albufeira.
Tratando-se de um templo de devoção dos pescadores, no seu interior encontram-se ex-votos que evocam os milagres e os dramas da vida dos mareantes.

São muitas as lendas e milagres atribuídos a esta santa, o Padre Cardoso, no Dicionário Geográfico, de 1758 refere a esse propósito: “… se venera com a mesma afluência de Milagres em todas as aflições e com especialidade nos Mariantes e por muitas vezes se achou a Imagem com as roupas molhadas de agua salgada, e cheias de areia como sinal de ter valido o seo amparo aos que flutuavam nos mares.

(cont.)

maio 01, 2014

Lenda da Mãe Soberana (Parte II)


(...)

"Há uma outra que refere mais o milagre da questão da capela, em que, na altura, era, pretendia, os moradores, os habitantes do local, portanto a capela da Mãe Soberana pertence ao concelho de Loulé, e então pretendiam erigir a capela ou a igrejita no sítio da gruta, onde ela esta efectivamente, no início, só que os operários, portanto trabalhando durante o dia para erigir a capela deixavam à noite as ferramentas no local, iam para casa e no outro dia quando regressavam ficavam espantados ao verificarem que as ferramentas desapareciam do local onde as tinham deixado e apareciam no cume do serro. Ora, isto vezes, ou vá, durante várias vezes acabou no fundo por ser, por por ter uma única explicação, é que a santa não queria a capela no sítio da gruta mas queria a capela no cimo do serro, onde fosse vista, e efectivamente a capela foi erigida no cimo do serro. As ferramentas dos trabalhadores nunca mais desapareceram, porque eles deixavam-nas lá à noite e elas no dia seguinte de manhã estavam lá. E foi concluída já na segunda metade do século dezasseis. Portanto, estas são as duas lendas que se contam sobre as obras milagrosas da Virgem da Piedade, Mãe Soberana, que ainda lá existe, e que é uma grande festa."

 

abril 30, 2014

Mãe Soberana - lenda (I)

"Lenda da Mãe Soberana

APL 2544

Vou contar a lenda da Mãe Soberana, aliás, ele há duas lendas sobre a mãe soberana, e qualquer uma delas são anteriores ao final do século dezasseis, se me recordo. E uma é portanto, havia uma donzela com cerca de quinze anos, que numa tarde ao ir colocar umas flores num altar que seus pais lhe tinham mandado edificar lá numa gruta, foi surpreendida por um fidalgo, que andava lá a ronda, que enamorado e endoidecido digamos, pela beleza daquela menina de quinze anos, pretendeu abusar dela, violentá-la. Contudo, esta miúda, resistindo, resistiu à força que o fidalgo tinha, pediu favorosamente ajuda à Virgem da Piedade. Ora, e aqui dá-se um milagre, porque a Virgem acudiu ao pedido da donzela, que saiu ilesa, e o fidalgo envergonhado, porque no fundo era uma pessoa conhecida no meio, meteu-se no convento e morreu frade, foi para frade e morreu lá no convento. Portanto, a fama que a santa, Virgem da Piedade, tinha já como milagreira, foi de tal ordem que tomou depois nome de Soberana, portanto, começaram a chamar-lhe Soberana, e passou então desde essa altura a ser idolatrada, portanto…e esta é efectivamente talvez a primeira que se conta da mãe Soberana."
cont. (...)

fevereiro 01, 2014

A Lenda das amendoeiras em flor (recolha feita em Albufeira)

“A lenda das amendoeiras em flor”




APL 1995
Segundo contam, um príncipe árabe desposou uma princesa nórdica e trouxe-a para viver aqui no Algarve. Só que, no Inverno, ela sofria muito porque recordava-se dos campos cobertos de neve, e então ficava nostálgica a olhar os campos e corriam-lhe as lágrimas.
 Um dia, o príncipe perguntou-lhe por que é que ela chorava assim e ela disse porque tinha muitas saudades dos campos brancos cobertos de neve. Então, no dia seguinte ela foi-se deitar. No dia seguinte quando se levantou tinha acontecido um milagre! As amendoeiras estavam todas cobertas de flor e dava a impressão da neve a brilhar ao sol.
 Foi assim que começaram a aparecer as amendoeiras.

janeiro 28, 2014

Lenda das amendoeiras em flor (Aljezur)

Amendoeiras em flor


APL 2432


Então vou contar a lenda da... da princesa de Aljezur. Que era assim: ela era uma princesa nórdica, dos países nórdicos, ou seja, estava habituada à neve. E o rei casou com ela, trouxe-a para Aljezur, que era onde eles tinham o castelo. E ela estava sempre muito triste, que não tinha neve, e estava habituada a ver tudo branco da neve. E então o rei, como viu a princesa tão triste, lembrou-se que a única árvore que dava flor de Inverno era a amendoeira, e era uma flor branca. E então mandou cobrir todos os campos na região com as amendoeiras. E assim a princesa quando ia à janela de Inverno já via os campos todos brancos, parecia neve.

janeiro 25, 2014

Lenda das amendoeiras em flor (recolha feita em Olhão)

A Lenda das Amendoeiras em Flor



APL 2140

Como sabemos, o Algarve foi conquistado pelos Mouros. Então, existiu um Mouro que era o rei mouro, que casou com uma princesa estrangeira. No país dessa princesa nevava. Ela veio para o Algarve, foi coberta de tudo, de ouro, boas vestes, tudo de bom, mas faltava-lhe uma coisa. Chorava, e o rei mouro perguntou-lhe o que é que ela tinha. E ela dizia:
 - “Vejo o mar num país bom mas falta-me algo que é a minha neve”. E ele disse-lhe:
 —    “Não, a tua neve vai vir”.
 Então mandou plantar em todo o Algarve as nossas amendoeiras em flor. Daí vem a lenda das amendoeiras em flor. Quem subir a uma serra ou a um sitio mais alto, olhando para baixo vê-se, e dá-nos a sensação que é neve. Ela daí para a frente ficou feliz e esta a lenda das amendoeiras em flor.

janeiro 23, 2014

Lenda das amendoeiras em flor (Silves)

A lenda das amendoeiras em flor



APL 2346

 Informante: Era um rei mouro em Silves que apaixonou-se por uma princesa dos países nórdicos, casou com ela e trouxe-a para Silves para o castelo, só que passado muito tempo a princesa que era rainha ficou muito triste, e então o rei foi perguntar porquê e descobriu que era porque tinha saudades da neve e do seu país. Então o rei mandou plantar amendoeiras, quando na primavera fizeram flor, foi mostrar a rainha e ela ficou toda contente.
 Colector: Onde é que ouviu essa história pela primeira vez?
 Informante: Foi na escola, em Silves.
 Colector: Na escola primária?
 Informante: Sim.


junho 11, 2013

A moirinha do castelo


"Paderne tem a alguns quilómetros de distância, as ruínas históricas do seu castelo, que nos recorda os gloriosos tempos da fundação da nossa nacionalidade, porque figura entre os sete castelos das armas de Portugal.
Antes que a espada valerosa de D. Paio Peres Correia, conquista-se o temido castelo para a coroa de D. Afonso III, vivia ali um rei moiro com a sua família e uma filha linda como uma fada e meiga como um anjo, que fazia o encanto de toda a gente.
Um dia a jovem princesinha iludindo a vigilâncias das aias, foi passear sozinha para um arrabalde distante do castelo, quando encontrou um cavaleiro desconhecido, que naturalmente fascinado pela sua extraordinária formusura se apeou do seu corcel, e entabulou conversação com ela. A ingénua rapariga disse-lhe que era filha do rei que habitava o próximo castelo, e que seu pai receoso de uma próxima invasão, desejava manda-la para distantes terras.
-Nunca deixes o castelo, disse ele. Se isso se desse, eu viria libertar-te, e aqui voltarei todas as noites até à ponte para falar contigo.
Ela por sua vez prometeu também não faltar, e desse esse dia, todas as noites de luar, quando era silêncio, a princesa saia do castelo, e dirigindo-se para a ponte esperava o seu bem amado, que chegando num cavalo coberto de suor, trocava com ela rápidas palavras, e partia a galope na mesma direção que trouxera.
Numa noite ele disse-lhe que se ausentava por alguns dias porque fora encarregado duma missão de confiança. Ela ficou triste.
- Sê corajosa, tornou-lhe ele, se alguma coisa de anormal se der na minha ausência eu virei buscar-te depois.
Por isso, quando certo dia o rei declarou que ela ia sair dali com suas aias, a princesa disse com firmeza que preferia morrer junto com seu pai, e que as aias podiam partir, que passado o perigo as mandaria buscar. Assim se fez. As aias deixaram a sua senhora e dois dias depois os soldados da Cruz investiram no castelo.
Alguns dias durou o combate porque os moiros defendiam-se com denodo, mas quando o rei viu que a vitória devia pertencer aos seus adversários, então temendo, não de que a vida de sua filha corresse perigo, (os combates de então eram mais humanos do que os carcereiros das princesas da Rússia) mas ficando entre os cristãos viesse a abjurar a sua religião, disse-lhe que ia encanta-la até ao tempo que ela determinasse. E quando o pai pronunciou a fórmula do encantamento a princesa com o pensamento no seu cavalheiro, acrescentou simplesmente: “até que um cavalheiro me venha libertar”.
                Terminou a luta com vitória para os portugueses, e muitas vezes pela meia-noite as sentinelas do castelo avistavam junto à ponte a linda moirinha, que fiel à sua palavra ia esperar o seu libertador que nem mais voltara. (…)
                Ainda hoje pela calada da noite à luz branca do luar, se vê a solitária moirinha, que saindo dos seus subterrâneos, vais colhendo malmequeres selvagens até chegar à ponte esperando o seu bem-amado…
MADRESSILVA"

(A Avezinha 11 de junho de 1922, nº 12)